Você sabe o que é biofilia?

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Biofilia” vem do grego bios, que significa vida e philia, que significa amor, afeição, ou necessidade de satisfação. Ao pé da letra, biofilia é o amor pela vida. Mas qual o conceito por trás desse termo?

O primeiro a utilizá-lo foi o psicanalista alemão Erich Fromm, para descrever a orientação psicológica de atração por tudo que é vivo e vital. Entretanto, foi o ecólogo americano Edward O. Wilson, em seu livro de mesmo nome publicado em 1984, que o popularizou.

Em sua obra, Edward O. Wilson discorre sobre a ligação emocional que os seres humanos têm com outros organismos vivos e com a natureza. O termo designa essa ligação emocional e desejo instintivo de se afiliar a outras formas de vida, que segundo Wilson, está em nossos genes e se tornou hereditária. Para o autor, a biofilia está inscrita no próprio cérebro, expressando dezenas de milhares de anos de experiência evolutiva. Em sua hipótese, os seres humanos procuram inconscientemente essas conexões ao longo da vida.

Um exemplo da biofilia é a atração de mamíferos adultos (especialmente humanos) por rostos de mamíferos filhotes, que despertam instinto de proteção. Os olhos grandes e pequenas características de qualquer mamífero jovem despertam uma resposta emocional que ajuda a aumentar as taxas de sobrevivência de todos os mamíferos.

Da mesma forma, a hipótese ajuda a explicar por que as pessoas cuidam e às vezes arriscam suas vidas para salvar animais domésticos e selvagens, e mantém plantas e flores em torno de suas casas. Muitas vezes, as flores indicam uma fonte potencial de alimentação. Boa parte das frutas inicia seu desenvolvimento como flor. Para nossos antepassados, foi crucial identificar, detectar e lembrar de plantas que mais tarde forneceriam alimentação. Em outras palavras, o nosso amor natural pela natureza ajuda a sustentar a vida.

Contudo, a biofilia é impactada pelas experiências pessoais, sociais e culturais nas quais o sujeito está inserido e vive desde a primeira infância. Nesse sentido, mesmo que a biofilia seja uma tendencia genética, há a necessidade de se reforçar o contato com a natureza para que essa conexão se perpetue. Ela carece de um input constante a partir do meio natural, ou seja, um conjunto rico e diversificado de experiências exploratórias em ambiente natural, que reforce as conexões com a natureza.

Nós nos relacionamos com o ambiente que nos rodeia de diversas formas e com diferentes intensidades. Existem moradores da cidade que evitam paisagens naturais e moradores rurais que não colocam de jeito nenhum os pés na cidade. Esse senso de habitat é formado a partir de circunstâncias familiares da vida diária em conjunto com nossa raiz instintiva. Simplificando, aprendemos a amar o que nos é familiar: temos a tendência a nos relacionar com o que conhecemos bem e se tornou habitual.

Neste contexto, em ambientes urbanos, não é tão fácil encontrar espaço para que a biofilia se perpetue nas pessoas. Avanços tecnológicos, maior tempo gasto no interior de edifícios e carros, e menos atividades que estimulem a biofilia e o respeito com o meio ambiente. Esses pontos promovem o reforço da desconexão entre os seres humanos e a natureza. Os grandes centros ainda apresentam um quadro de violência sem precedentes, poluição e degradação do meio ambiente. Este cenário demonstra a necessidade de se reforçar o vínculo com a natureza. Para salvar espécies e habitats, precisamos retomar o vínculo emocional com ela. A ideia é que os humanos não lutarão para salvar algo ao qual não conseguem se conectar.

Vamos mudar o rumo do texto e pedir para que você feche os olhos e pense em um lugar bonito, que te relaxe e traga bons pensamentos. Possivelmente este lugar está na natureza! Pois bem, não podemos perder essa conexão e precisamos estimulá-la nas próximas gerações. Não deixe de apontar sempre que puder a beleza de uma praia, uma floresta, uma árvore, uma flor, um pássaro ou qualquer outro animal. Não importa se grande ou pequeno, o que importa é expandir esse amor, fortalecer essa conexão e perpetuar o que carregamos desde sempre, a consciência da importância de se preservar o meio ambiente como garantia da nossa saúde física e mental.

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